Esta talvez seja a minha última canção. Ela foi a que mais tempo levou para ser composta. Antes dela, eu era só mais um garoto assustado, precisando de muito barulho pra afastar os maus pensamentos. Antes dela, eu vivia em fuga, tentando escapar de mim mesmo. Antes dela, eu tinha vocação para a mentira e para um prato de comida fácil, em qualquer companhia - desde que me pagassem o almoço. Antes dela eu me sentia a menor das criaturas sobre a terra. Não me achava digno nem dos pingos da chuva, que me acertavam em cheio a testa. Antes dela, eu não tinha conhecido a paixão e tudo que vem de brinde com ela. Antes dela, eu achava que iria morrer aos 28, como Jim Morrison. Então eu me achava genial e descia a rua sem olhar para os lados ou para trás. Antes dela, eu não amava os gatos como amo. Antes dela, eu ainda acreditava em todas as pessoas. Antes dela, eu achava que era só uma questão de tempo pra tudo dar certo. Antes dela, tinha o deserto. Agora, quando eu não estiver mais por aqui, ela, a canção, vai ficar. Vai ficar ecoando, como crianças brincando com a própria voz em frente ao rochedo, como uma valsa que não quer terminar, como os pequenos barulhos que você faz enquanto dorme. Como um pequeno sopro de brisa, em algum lugar.
(Rubens K)
2 comentários:
dae, maluco. tamo aqui em porto. tá chovendo canivete, mas ainda bem que eles não tão afiados... hehehehe. logo mais, a 01:00 a gente entra pra fazer uma barulheira. e o churrs de final de ano? em curita ou ae... hehehehe. abraço pra todos ae. se cuida ae, brother.
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