sexta-feira, 11 de maio de 2007

Band-aid e esparadrapo no coração...

Mal ele abrira os olhos, percebeu mais uma vez que estava no mesmo quarto de hospital. “Putz, se não estou enganado, já é a segunda semana que como essa comida sem sal, e pior: salada de pepino!!!” Agora avaliava a extensão da tragédia: um braço quebrado, o pulmão perfurado, e o que mais doía de tudo: a unha encravada no pé direito, de tanto cortar errado nos cantos. A enfermeira gorda mas sorridente vinha em direção dele mais uma vez com a bandeja de seringas prontas pra espeta-lo. “Hei Justine, dá pra ser um pouquinho generosa comigo? Deixa eu ir lá fora fumar um cigarrinho?” Ela sorriu, pôs sobre a mesinha e explicou que o turno dela acabara há dez minutos, que a novata do outro andar vinha render o posto. “lá vem outra sádica...” E não era que vinha a mulher mais fantástica da enfermaria cuidar dele, e do velho operado de hemorróidas ao seu lado!? Ela chegou próximo, sorriu, puxou o pijama que só cobria a frente dele, passou o algodão no exato local, viu a tattoo nas costas dele. “Que lindo esse dragão... Sempre tive vontade de fazer uma grande assim também.” Ele viu a deixa pra passar uma cantada na deliciosa enfermeira. “To vendo que vc curte uns desenhos também... É, essa eu fiz quando passei por Hong Kong quando tinha 21 anos. Bem que você poderia me mostrar a tua também, e eu talvez te ajudasse a escolher um novo lugar pra uma nova...” Ela deu uma risada, puxou um pouco do vestido pra cima, bem próximo da calcinha branca de renda. Ele, deitado, de bruços, de olhos arregalados, nem percebeu o momento que ela lhe espetava a bunda com o antibiótico, ardido feito vinagre... “Hei hei, vai devagar aí, minha bunda não é almofada. Pega leve aí...” Ela riu, deu um beijo na testa dele, ainda reclamando da dor e resmungando alguma besteira. O velhote ao lado se deleitava de rir da cena. Um idiota metido a conquistador cantando a enfermeira gostosona e levando a pior. “Palhaço, pelo menos saio daqui quebrado mas ao menos não vou ficar passando pomada no rabo por mais um ano...”

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