O dia raiou, e ele não pregou o olho um minuto sequer a noite toda... Pensando na amada, na possibilidade de um reencontro... Pensou muito na vida que lhe foi subtraída, tirada à força. Um banho quente, uma xícara de chá pra curar a gripe, um cigarro pra atrapalhar a cura... Assim sempre foi ele, ambíguo: por mais que tentava se ajudar, fazia sempre alguma coisa que acabasse atrapalhando. O dia começava quente, como o chá, como o coração. Dois dias antes pensou em acabar com tudo, por fim ao sofrimento que sentia corroendo por dentro. Até tentou, mas um anjo não deixou. Intercedeu, parou o processo. Olhou nos olhos do anjo, não via ternura, mas pena. Então esperou. Assim tinha sido sua vida até o momento, esperando, aguardando o momento certo pra lançar a rede, pegar o peixe grande.
Um telefonema, uma carta, um sinal de fumaça, aguardava pacientemente algo, não sabia o que era. Mas sabia que viria, cedo ou tarde, não importava, só a certeza que viria. Claro, inteligível, presente. Era só a confirmação do que ele sentia, o que o espírito já sentia. Tão forte como o drops de anis que ele sempre gostou.
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